... o mal habita minha alma e me faz desejar a morte.
Quebre esse feitiço jogado em mim e me liberte desse sentimento de culpa.
Eu não disse isso por mal!
Apenas perdi a esperança no vale das sombras.
Por favor não deixe que as lágrimas de sangue caiam novamente pois eu não poderei contê-las, e quando elas cairem, o demônio que habita em mim irá te possuir mais uma vez.
Olhar!Não deixar vestígios, despistar.
Apague!Todas as luzes ao final do túnel, eu optei pela escuridão.
Eu sou...... um pouco de solidão
um pouco de negligência um punhado de reclamações. Mas eu não posso evitar o fato de que todos podem ver essas cicatrizes.
Eu sou...... o que eu quero que você queira o que eu quero que você sinta! Eu não tenho nada a dizer
Porque eu me perdi no nada dentro de mim.
Eu tentei
E cheguei tão longe. Mas no fim, isso não importa
Eu tive que cair e perder tudo.
Eu estou cansada de ser o que você quer que eu seja
PERDIDA! Eu não sei mais o que você espera de mim
Cada passo que eu dou é outro erro pra você.
Você não consegue ver que está me sufocando
E cada segundo perdido é mais do que eu posso suportar,mas tudo que você pensou que eu poderia ser
Desmoronou bem na sua frente...
... e eu tive que voltar ao dia em que nada realmente importava pra mim
Portanto, eu não posso compreender
Então, venha e fique ao meu lado, e segure as pontas
Porque esta noite é a noite em que choramos.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
sábado, 29 de janeiro de 2011
Eu não sei
Por que na escuridão eu ouço vozes
E escuto almas que pedem por socorro
Por que nas noites frias
A solidão arrepia meu corpo
E nos dias mais tristes
As sombras me consolam.
Vozes perdidas
Vozes confusas
Vozes amargas
Vozes amedrontadas
Vozes que acalmam
Vozes que chamam
Vozes que gritam
Vozes que clamam
Almas perdidas
Almas feridas
Almas corrompidas
Almas estarrecidas
Por vezes te anestesiam
Por vezes te amedrontam
Mas sempre estão com você.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Angel in the dark
Busco a simples explicação
para viver neste mundo,
que habita em trevas eternas.
Busco um resposta
para saber
por que ainda não pulei do precipício.
Busco um anjo,
no meio da escuridão
que cega e amedronta.
Busco sinais de vida
para entender
porque ainda estou viva.
Busco perguntas que não cabem uma solução
sábado, 22 de janeiro de 2011
Nunca Estive Só
Eu esperei por você hojeMas você não apareceuNão, não, nãoEu precisei de você hojeEntão pra onde você foi?Você disse pra eu te chamarDisse que estaria láE eu não te viVocê ainda está lá?
Eu clamei sem nenhuma respostaE eu não posso senti-lo ao meu ladoEntão me apegarei no que seiVocê está aqui e eu nunca estou sozinho
E apesar de não poder vê-loE de não conseguir explicar o por quêTal como uma confiança profundaVocê colocou em minha vida
Ooh...Nós não podemos nos separarPorque você é parte de mimE apesar de você ser invisívelEu confiarei naquilo que não posso ver
Eu clamei sem nenhuma respostaE eu não posso senti-lo ao meu ladoEntão me apegarei no que seiVocê está aqui e eu nunca estou sozinho
Nós não podemos nos separarVocê faz parte de mimE apesar de você ser invisívelEu confiarei naquilo que não posso ver
Eu clamei sem nenhuma respostaE eu não posso senti-lo ao meu ladoEntão me apegarei no que seiVocê está aqui e eu nunca estou sozinho
Eu esperei por você hoje
Mas você não apareceu
Não, não, não
Eu precisei de você hoje
Então pra onde você foi?
Você disse pra eu te chamar
Disse que estaria lá
E eu não te vi
Você ainda está lá?
Eu clamei sem nenhuma resposta
E eu não posso senti-lo ao meu lado
Então me apegarei no que sei
Você está aqui e eu nunca estou sozinho
E apesar de não poder vê-lo
E de não conseguir explicar o por quê
Tal como uma confiança profunda
Você colocou em minha vida
Ooh...
Nós não podemos nos separar
Porque você é parte de mim
E apesar de você ser invisível
Eu confiarei naquilo que não posso ver
Eu clamei sem nenhuma resposta
E eu não posso senti-lo ao meu lado
Então me apegarei no que sei
Você está aqui e eu nunca estou sozinho
Nós não podemos nos separar
Você faz parte de mim
E apesar de você ser invisível
Eu confiarei naquilo que não posso ver
Eu clamei sem nenhuma resposta
E eu não posso senti-lo ao meu lado
Então me apegarei no que sei
Você está aqui e eu nunca estou sozinho
domingo, 16 de janeiro de 2011
My Immortal
Estou tão cansada de estar aqui
Reprimida por todos meus medos infantis
E se você tiver que ir, eu desejo que vá logo
Porque sua presença ainda permanece aqui, e isso não vai me deixar em paz
Essas feridas parecem não cicatrizar
Essa dor é tão real
Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar
Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
E segurei sua mão por todos estes anos
Mas você ainda tem tudo de mim
Você costumava me cativar com sua luz ressonante
Agora sou limitada pela vida que você deixou pra trás
Seu rosto assombra todos os meus sonhos que já foram agradáveis
Sua voz expulsou toda a sanidade que havia em mim
Essas feridas parecem não cicatrizar
Essa dor é tão real
Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar
Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
E segurei sua mão todos estes anos
Mas você ainda tem tudo de mim.
Eu tentei com todas as forças dizer à mim mesma que você se foi
E embora você ainda esteja comigo
Eu tenho estado sozinha por todo esse tempo
Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
E segurei a sua mão todos estes anos
Mas você ainda tem tudo de mim.
sábado, 15 de janeiro de 2011
Entregue-se a mim
Ela suporta tudo com coração de pedra
Porque tudo o que ela faz se volta pra mim
Levei a vida inteira procurando por alguém
Não tente me entender
Simplesmente faça o que eu digo
O amor é um sentimento
Dê-me-o quando eu quiser
Porque estou em chamas
Supra meu desejo
Dê-me-o quando quiser
Fale comigo, mulher
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
Você sempre soube como me fazer chorar
E nunca perguntei os motivos
Por que?
Parece que você tem prazer em me machucar
Não tente me entender
Porque suas palavras não são suficientes
O amor é um sentimento
Supra meu desejo
Dê-me-o quando quiser
Deixando-me exultante
O amor é uma mulher
Não quero ouvir
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
Você e seus amigos estavam rindo de mim
Mas está tudo bem
E está tudo bem agora
Você não vai achar graça?
Garota?
Quando eu não estiver por perto eu estarei bem
E eu, eu estou bem
Tenho que ter alguma paz de espírito
Não tente me dizer
Porque suas palavras
Não são suficientes
O amor é um sentimento
Supra meu desejo
Dê-me-o quando quiser
Fale comigo, mulher
O amor é um sentimento
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
O amor é um sentimento
Eu não quero ouvir isso
Supra meu desejo
Deixando-me exultante
Diga como uma prece
Satisfaça o sentimento
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
Eu não quero
Eu não quero
Eu não quero
Eu não quero sonhar agora
Me leva ao fogo
Fale comigo, mulher
Supra meu desejo
Não como uma dama
Fale comigo, querida
Entregue-se a mim
Entregue-se as chamas
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
O amor é uma mulher
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
Entregue-se a mim
Porque estou em chamas
Fale comigo, mulher
Supra meu desejo
Entregue-se ao sentimento.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Um dia frio
a vida passa descontente, sem
o brilho do sol que nasce primeiro no oriente.
A chuva que se escorre pela janela vem acompanhada
pelo vento que trás o arrepio da solidão, e pela tristeza
embalada por uma canção.
A terra parece girar cada vez mais devagar.
Quando vejo me pego trancado no quarto,
pensando no que deixei de fazer e no quanto
ainda me resta a pagar.
Talvez sejam os erros de não ter feito a coisa
certa que me prenda nesta solidão.
Nos dias de liberdade a felicidade é como uma
explosão, mas na maioria das vezes essa infelicidade
parece mais uma prisão.
É uma solidão diferente, não estou sozinho, é um
sentimento estranho que atravessou o meu caminho.
É um sentimento que me confunde e eu não entendo,
mas amar é viver desaprendendo.
Mas assim continuo caminhando e aprendendo
errando e me desentendendo.
Desenhando o amor nesse vasto chão de giz, para
te guardar sem nenhuma cicatriz.
By José Ricardo (o nosso Zé cafetinado de cada dia)
@ze_ricardo16
falando-peloscotovelos.blogspot.com
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
INVISÍVEL
Vista-se como nós fazemos
Fale como nós fazemos
Pense como nós fazemos
Obedeça!
Abaixo do sol frio
Vendo você ir embora
Onde meu terror corre
Em rios tão decadentes
Eu sou invisível
Eu estou assim por dias
Dentes em toda parede
Que nunca vão embora
Eu sou feita de lâminas e chamas
Eu sou doente e perigosa
Você é minha reza favorita
Por que eu machuco quando eu amo
Você é tão adorável quando chora
Você é tão perfeita quando mente
Você pode ser meu crucifixo
Me suporte até me ver morrer
Você consegue ver?
Eu sou invisível
Abaixo da lua pagã
Mais uma oração morre hoje
Na lâmina de carne e condenação
Calafrios nas chamas infinitas
Como criminosos
A mancha ainda permanece
E eu prometo a você
Aquilo nunca irá embora
Você é tão adorável quando chora
Você é tão perfeita quando mente
Você pode ser meu crucifixo
Me suporte até me ver morrer
Contemplo...
Prazer em seus olhos
Que os equipamentos explodem
Você consegue me ver agora?
Você consegue me ver agora?
O feio aceitará
Quando o sangue jovem
Devorar a luz
E um dia, essa dor
Poderá salvar sua vida
Você é tão adorável quando chora
Você é tão perfeita quando mente
Você pode ser meu crucifixo
Me suporte até me ver morrer
Vivendo no abrigo
Mentindo aqui vivo
Nós estamos pintado submissão
Através da sombra do céu
Fogo ao lado
Queimando e brilhando
Perdido no vôo
Em asas douradas e derretidas
Agora você vê?
Agora você vê?
Agora você
você vê?
Mamãe não chore
Por acreditar
Nas mentiras dele
Não é sua culpa
Não é sua culpa
Ele nos fazia pagar por nossos pecados
Então você nos protegeu
E nos salvou
Eu faço esse juramento agora
Eu e prometo
Ele nunca tocará em nós de novo
Ele nunca tocará em nós de novo
Ele nunca tocará em nós de novo
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Singing To The Lonely
Who knwe winter in my heart would make me tell this story?
Singing to the lonely...
Something takes my time.
Whispers in the darkness,
Giving gift of rhyme
Who Knew winter in my heart would make me tell this story?
One of old
As time goes by now I see.
That I held a promise in front of me.
Truth be told, could we have been wrong?
And know all along?
So much to create,
And time won't wait for any one soul. Now is the moment.
Singing to the lonely...
Somtehing takes my time.
Whispers in the darkness,
Giving gift of rhyme.
Who Knew winter in my heart would make me tell this story?
I'tl ask my questions, and live the answers.
Wish from the sky wings to fly.
So take this wisdom, that I've been given.
I've let old habits fade. But this moment finds me restless in the bed I've made.
Singing to the lonely...
Something takes my time.
Whispers in the darkness,
Giving gift of rhyme
Who Knew winter in my heart would make me tell this story?
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Mirror Mirror
Mirror Mirror on the wal
Who's the fairest of them all?
I don't think I am at all,
at the right reflection,
In the right direction
Mirror mirror on the wall
Wich direction has it all?
Trapped inside these hollow walls.
Where is my reflection?
There are no directions
Mirror Mirror on the wall
Who's the fairest of them all?
I don't think I am at all.
at the right reflection,
In the right direction
Mirror Mirror on the wall
You've shown me every single flaw,
But can't tell me eho I am at all
I stand before deception...
This is not my reflection.
I looked hard found the answers,
But just deceived myself
How sincere am I in here?
Enough to change myself?
I looked hard an found the answers
But just deceived myself
How naïve was I do think that a mirror shows my reflection.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Sangue Frio
Preparar, apontar, fogo
Não dá mais pra voltar
Apressar, não deixar nenhum vestígio
História pra contar, razão para voltar
A dor da indecisão
Pior que um sim ou não
O tempo nunca volta
Me parte o coração
Pensar que a decisão
Pode ter sido a errada
Despistar, esconder no meu sorriso
Vontade de chorar
Apagar, aceitar que a minha culpa
Não vai adiantar, não dá pra perdoar
A dor da indecisão
Pior que um sim ou não
O tempo nunca volta
Me parte o coração
Pensar que a decisão
Pode ter sido a errada
Preparar, apontar...
Preparar, apontar...
O Gato Preto
Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã morro e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas conseqüências, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e destruíram.
No entanto, não tentarei esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror - mas, em muitas pessoas, talvez lhes pareçam menos terríveis que grotesco. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum - uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que, a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais.
Desde a infância, tornaram-se patentes a docilidade e o sentido humano de meu caráter. A ternura de meu coração era tão evidente, que me tomava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava, especialmente, de animais, e meus pais me permitiam possuir grande variedade deles. Passava com eles quase todo o meu tempo, e jamais me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer ou os acariciava. Com os anos, aumentou esta peculiaridade de meu caráter e, quando me tomei adulto, fiz dela uma das minhas principais fontes de prazer. Aos que já sentiram afeto por um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou a intensidade da satisfação que se pode ter com isso. Há algo, no amor desinteressado, e capaz de sacrifícios, de um animal, que toca diretamente o coração daqueles que tiveram ocasiões freqüentes de comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade de um simples homem.
Casei cedo, e tive a sorte de encontrar em minha mulher disposição semelhante à minha. Notando o meu amor pelos animais domésticos, não perdia a oportunidade de arranjar as espécies mais agradáveis de bichos. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um cão, coelhos, um macaquinho e um gato.
Este último era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher, que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia freqüentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. Não que ela se referisse seriamente a isso: menciono o fato apenas porque aconteceu lembrar-me disso neste momento.
Pluto - assim se chamava o gato - era o meu preferido, com o qual eu mais me distraía. Só eu o alimentava, e ele me seguia sempre pela casa. Tinha dificuldade, mesmo, em impedir que me acompanhasse pela rua.
Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durante os quais não só o meu caráter como o meu temperamento - enrubesço ao confessá-lo - sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior. Tomava-me, dia a dia, mais taciturno, mais irritadiço, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Sofria ao empregar linguagem desabrida ao dirigir-me à minha mulher. No fim, cheguei mesmo a tratá-la com violência. Meus animais, certamente, sentiam a mudança operada em meu caráter. Não apenas não lhes dava atenção alguma, como, ainda, os maltratava. Quanto a Pluto, porém, ainda despertava em mim consideração suficiente que me impedia de maltratá-lo, ao passo que não sentia escrúpulo algum em maltratar os coelhos, o macaco e mesmo o cão, quando, por acaso ou afeto, cruzavam em meu caminho. Meu mal, porém, ia tomando conta de mim - que outro mal pode se comparar ao álcool? - e, no fim, até Pluto, que começava agora a envelhecer e, por conseguinte, se tomara um tanto rabugento, até mesmo Pluto começou a sentir os efeitos de meu mau humor.
Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser.Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos! Enrubesço, estremeço, abraso-me de vergonha, ao referir-me, aqui, a essa abominável atrocidade.
Quando, com a chegada da manhã, voltei à razão - dissipados já os vapores de minha orgia noturna - , experimentei, pelo crime que praticara, um sentimento que era um misto de horror e remorso; mas não passou de um sentimento superficial e equívoco, pois minha alma permaneceu impassível. Mergulhei novamente em excessos, afogando logo no vinho a lembrança do que acontecera.
Entrementes, o gato se restabeleceu, lentamente. A órbita do olho perdido apresentava, é certo, um aspecto horrendo, mas não parecia mais sofrer qualquer dor. Passeava pela casa como de costume, mas, como bem se poderia esperar, fugia, tomado de extremo terror, à minha aproximação. Restava-me ainda o bastante de meu antigo coração para que, a princípio, sofresse com aquela evidente aversão por parte de um animal que, antes, me amara tanto. Mas esse sentimento logo se transformou em irritação. E, então, como para perder-me final e irremissivelmente, surgiu o espírito da perversidade. Desse espírito, a filosofia não toma conhecimento. Não obstante, tão certo como existe minha alma, creio que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano - uma das faculdades, ou sentimentos primários, que dirigem o caráter do homem. Quem não se viu, centenas de vezes, a cometer ações vis ou estúpidas, pela única razão de que sabia que não devia cometê-las? Acaso não sentimos uma inclinação constante mesmo quando estamos no melhor do nosso juízo, para violar aquilo que é lei, simplesmente porque a compreendemos como tal? Esse espírito de perversidade, digo eu, foi a causa de minha queda final. O vivo e insondável desejo da alma de atormentar-se a si mesma, de violentar sua própria natureza, de fazer o mal pelo próprio mal, foi o que me levou a continuar e, afinal, a levar a cabo o suplício que infligira ao inofensivo animal. Uma manhã, a sangue frio, meti-lhe um nó corredio em torno do pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore. Fi-lo com os olhos cheios de lágrimas, com o coração transbordante do mais amargo remorso. Enforquei-o porque sabia que ele me amara, e porque reconhecia que não me dera motivo algum para que me voltasse contra ele. Enforquei-o porque sabia que estava cometendo um pecado - um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal, afastando-a, se é que isso era possível, da misericórdia infinita de um Deus infinitamente misericordioso e infinitamente terrível.
Na noite do dia em que foi cometida essa ação tão cruel, fui despertado pelo grito de "fogo!". As cortinas de minha cama estavam em chamas. Toda a casa ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens terrenos foram tragados pelo fogo, e, desde então, me entreguei ao desespero.
Não pretendo estabelecer relação alguma entre causa e efeito - entre o desastre e a atrocidade por mim cometida. Mas estou descrevendo uma seqüência de fatos, e não desejo omitir nenhum dos elos dessa cadeia de acontecimentos. No dia seguinte ao do incêndio, visitei as ruínas. As paredes, com exceção de uma apenas, tinham desmoronado. Essa única exceção era constituída por um fino tabique interior, situado no meio da casa, junto ao qual se achava a cabeceira de minha cama. O reboco havia, aí, em grande parte, resistido à ação do fogo - coisa que atribuí ao fato de ter sido ele construído recentemente. Densa multidão se reunira em torno dessa parede, e muitas pessoas examinavam, com particular atenção e minuciosidade, uma parte dela, As palavras "estranho!", "singular!", bem como outras expressões semelhantes, despertaram-me a curiosidade. Aproximei-me e vi, como se gravada em baixo-relevo sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem era de uma exatidão verdadeiramente maravilhosa. Havia uma corda em tomo do pescoço do animal.
Logo que vi tal aparição - pois não poderia considerar aquilo como sendo outra coisa - , o assombro e terror que se me apoderaram foram extremos. Mas, finalmente, a reflexão veio em meu auxílio. O gato, lembrei-me, fora enforcado num jardim existente junto à casa. Aos gritos de alarma, o jardim fora imediatamente invadido pela multidão. Alguém deve ter retirado o animal da árvore, lançando-o, através de uma janela aberta, para dentro do meu quarto. Isso foi feito, provavelmente, com a intenção de despertar-me. A queda das outras paredes havia comprimido a vítima de minha crueldade no gesso recentemente colocado sobre a parede que permanecera de pé. A cal do muro, com as chamas e o amoníaco desprendido da carcaça, produzira a imagem tal qual eu agora a via.
Embora isso satisfizesse prontamente minha razão, não conseguia fazer o mesmo, de maneira completa, com minha consciência, pois o surpreendente fato que acabo de descrever não deixou de causar-me, apesar de tudo, profunda impressão. Durante meses, não pude livrar-me do fantasma do gato e, nesse espaço de tempo, nasceu em meu espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso, embora não o fosse. Cheguei, mesmo, a lamentar a perda do animal e a procurar, nos sórdidos lugares que então freqüentava, outro bichano da mesma espécie e de aparência semelhante que pudesse substituí-lo.
Uma noite, em que me achava sentado, meio aturdido, num antro mais do que infame, tive a atenção despertada, subitamente, por um objeto negro que jazia no alto de um dos enormes barris, de genebra ou rum, que constituíam quase que o único mobiliário do recinto. Fazia já alguns minutos que olhava fixamente o alto do barril, e o que então me surpreendeu foi não ter visto antes o que havia sobre o mesmo. Aproximei-me e toquei-o com a mão. Era um gato preto, enorme - tão grande quanto Pluto - e que, sob todos os aspectos, salvo um, se assemelhava a ele. Pluto não tinha um único pêlo branco em todo o corpo - e o bichano que ali estava possuía uma mancha larga e branca, embora de forma indefinida, a cobrir-lhe quase toda a região do peito.
Ao acariciar-lhe o dorso, ergueu-se imediatamente, ronronando com força e esfregando-se em minha mão, como se a minha atenção lhe causasse prazer. Era, pois, o animal que eu procurava. Apressei-me em propor ao dono a sua aquisição, mas este não manifestou interesse algum pelo felino. Não o conhecia; jamais o vira antes.
Continuei a acariciá-lo e, quando me dispunha a voltar para casa, o animal demonstrou disposição de acompanhar-me. Permiti que o fizesse - detendo-me, de vez em quando, no caminho, para acariciá-lo. Ao chegar, sentiu-se imediatamente à vontade, como se pertencesse a casa, tomando-se, logo, um dos bichanos preferidos de minha mulher.
De minha parte, passei a sentir logo aversão por ele. Acontecia, pois, justamente o contrário do que eu esperava. Mas a verdade é que - não sei como nem por quê - seu evidente amor por mim me desgostava e aborrecia. Lentamente, tais sentimentos de desgosto e fastio se converteram no mais amargo ódio. Evitava o animal. Uma sensação de vergonha, bem como a lembrança da crueldade que praticara, impediam-me de maltratá-lo fisicamente. Durante algumas semanas, não lhe bati nem pratiquei contra ele qualquer violência; mas, aos poucos - muito gradativamente - , passei a sentir por ele inenarrável horror, fugindo, em silêncio, de sua odiosa presença, como se fugisse de uma peste.
Sem dúvida, o que aumentou o meu horror pelo animal foi a descoberta, na manhã do dia seguinte ao que o levei para casa, que, como Pluto, também havia sido privado de um dos olhos. Tal circunstância, porém, apenas contribuiu para que minha mulher sentisse por ele maior carinho, pois, como já disse, era dotada, em alto grau, dessa ternura de sentimentos que constituíra, em outros tempos, um de meus traços principais, bem como fonte de muitos de meus prazeres mais simples e puros.
No entanto, a preferência que o animal demonstrava pela minha pessoa parecia aumentar em razão direta da aversão que sentia por ele. Seguia-me os passos com uma pertinácia que dificilmente poderia fazer com que o leitor compreendesse. Sempre que me sentava, enrodilhava-se embaixo de minha cadeira, ou me saltava ao colo, cobrindo-me com suas odiosas carícias. Se me levantava para andar, metia-se-me entre as pemas e quase me derrubava, ou então, cravando suas longas e afiadas garras em minha roupa, subia por ela até o meu peito. Nessas ocasiões, embora tivesse ímpetos de matá-lo de um golpe, abstinha-me de fazê-lo devido, em parte, à lembrança de meu crime anterior, mas, sobretudo - apresso-me a confessá-lo - , pelo pavor extremo que o animal me despertava.
Esse pavor não era exatamente um pavor de mal físico e, contudo, não saberia defini-lo de outra maneira. Quase me envergonha confessar - sim, mesmo nesta cela de criminoso - , quase me envergonha confessar que o terror e o pânico que o animal me inspirava eram aumentados por uma das mais puras fantasias que se possa imaginar. Minha mulher, mais de uma vez, me chamara a atenção para o aspecto da mancha branca a que já me referi, e que constituía a única diferença visível entre aquele estranho animal e o outro, que eu enforcara. O leitor, decerto, se lembrará de que aquele sinal, embora grande, tinha, a princípio, uma forma bastante indefinida. Mas, lentamente, de maneira quase imperceptível - que a minha imaginação, durante muito tempo, lutou por rejeitar como fantasiosa -, adquirira, por fim, uma nitidez rigorosa de contornos. Era, agora, a imagem de um objeto cuja menção me faz tremer... E, sobretudo por isso, eu o encarava como a um monstro de horror e repugnância, do qual eu, se tivesse coragem, me teria livrado. Era agora, confesso, a imagem de uma coisa odiosa, abominável: a imagem da forca! Oh, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte!
Na verdade, naquele momento eu era um miserável - um ser que ia além da própria miséria da humanidade. Era uma besta-fera, cujo irmão fora por mim desdenhosamente destruído... uma besta-fera que se engendrara em mim, homem feito à imagem do Deus Altíssimo. Oh, grande e insuportável infortúnio! Ai de mim! Nem de dia, nem de noite, conheceria jamais a bênção do descanso! Durante o dia, o animal não me deixava a sós um único momento; e, à noite, despertava de hora em hora, tomado do indescritível terror de sentir o hálito quente da coisa sobre o meu rosto, e o seu enorme peso - encarnação de um pesadelo que não podia afastar de mim - pousado eternamente sobre o meu coração!
Sob a pressão de tais tormentos, sucumbiu o pouco que restava em mim de bom. Pensamentos maus converteram-se em meus únicos companheiros - os mais sombrios e os mais perversos dos pensamentos. Minha rabugice habitual se transformou em ódio por todas as coisas e por toda a humanidade - e enquanto eu, agora, me entregava cegamente a súbitos, freqüentes e irreprimíveis acessos de cólera, minha mulher - pobre dela! - não se queixava nunca convertendo-se na mais paciente e sofredora das vítimas.
Um dia, acompanhou-me, para ajudar-me numa das tarefas domésticas, até o porão do velho edifício em que nossa pobreza nos obrigava a morar, O gato seguiu-nos e, quase fazendo-me rolar escada abaixo, me exasperou a ponto de perder o juízo. Apanhando uma machadinha e esquecendo o terror pueril que até então contivera minha mão, dirigi ao animal um golpe que teria sido mortal, se atingisse o alvo. Mas minha mulher segurou-me o braço, detendo o golpe. Tomado, então, de fúria demoníaca, livrei o braço do obstáculo que o detinha e cravei-lhe a machadinha no cérebro. Minha mulher caiu morta instantaneamente, sem lançar um gemido.
Realizado o terrível assassínio, procurei, movido por súbita resolução, esconder o corpo. Sabia que não poderia retirá-lo da casa, nem de dia nem de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos.
Ocorreram-me vários planos. Pensei, por um instante, em cortar o corpo em pequenos pedaços e destruí-los por meio do fogo. Resolvi, depois, cavar uma fossa no chão da adega. Em seguida, pensei em atirá-lo ao poço do quintal. Mudei de idéia e decidi metê-lo num caixote, como se fosse uma mercadoria, na forma habitual, fazendo com que um carregador o retirasse da casa. Finalmente, tive uma idéia que me pareceu muito mais prática: resolvi emparedá-lo na adega, como faziam os monges da Idade Média com as suas vítimas.
Aquela adega se prestava muito bem para tal propósito. As paredes não haviam sido construídas com muito cuidado e, pouco antes, haviam sido cobertas, em toda a sua extensão, com um reboco que a umidade impedira de endurecer. Ademais, havia uma saliência numa das paredes, produzida por alguma chaminé ou lareira, que fora tapada para que se assemelhasse ao resto da adega. Não duvidei de que poderia facilmente retirar os tijolos naquele lugar, introduzir o corpo e recolocá-los do mesmo modo, sem que nenhum olhar pudesse descobrir nada que despertasse suspeita.
E não me enganei em meus cálculos. Por meio de uma alavanca, desloquei facilmente os tijolos e tendo depositado o corpo, com cuidado, de encontro à parede interior. Segurei-o nessa posição, até poder recolocar, sem grande esforço, os tijolos em seu lugar, tal como estavam anteriormente. Arranjei cimento, cal e areia e, com toda a precaução possível, preparei uma argamassa que não se podia distinguir da anterior, cobrindo com ela, escrupulosamente, a nova parede. Ao terminar, senti-me satisfeito, pois tudo correra bem. A parede não apresentava o menor sinal de ter sido rebocada. Limpei o chão com o maior cuidado e, lançando o olhar em tomo, disse, de mim para comigo: "Pelo menos aqui, o meu trabalho não foi em vão".
O passo seguinte foi procurar o animal que havia sido a causa de tão grande desgraça, pois resolvera, finalmente, matá-lo. Se, naquele momento, tivesse podido encontrá-lo, não haveria dúvida quanto à sua sorte: mas parece que o esperto animal se alarmara ante a violência de minha cólera, e procurava não aparecer diante de mim enquanto me encontrasse naquele estado de espírito. Impossível descrever ou imaginar o profundo e abençoado alívio que me causava a ausência de tão detestável felino. Não apareceu também durante a noite - e, assim, pela primeira vez, desde sua entrada em casa, consegui dormir tranqüila e profundamente. Sim, dormi mesmo com o peso daquele assassínio sobre a minha alma.
Transcorreram o segundo e o terceiro dia - e o meu algoz não apareceu. Pude respirar, novamente, como homem livre. O monstro, aterrorizado fugira para sempre de casa. Não tomaria a vê-lo! Minha felicidade era infinita! A culpa de minha tenebrosa ação pouco me inquietava. Foram feitas algumas investigações, mas respondi prontamente a todas as perguntas. Procedeu-se, também, a uma vistoria em minha casa, mas, naturalmente, nada podia ser descoberto. Eu considerava já como coisa certa a minha felicidade futura.
No quarto dia após o assassinato, uma caravana policial chegou, inesperadamente, a casa, e realizou, de novo, rigorosa investigação. Seguro, no entanto, de que ninguém descobriria jamais o lugar em que eu ocultara o cadáver, não experimentei a menor perturbação. Os policiais pediram-me que os acompanhasse em sua busca. Não deixaram de esquadrinhar um canto sequer da casa. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram novamente ao porão. Não me alterei o mínimo que fosse. Meu coração batia calmamente, como o de um inocente. Andei por todo o porão, de ponta a ponta. Com os braços cruzados sobre o peito, caminhava, calmamente, de um lado para outro. A polícia estava inteiramente satisfeita e preparava-se para sair. O júbilo que me inundava o coração era forte demais para que pudesse contê-lo. Ardia de desejo de dizer uma palavra, uma única palavra, à guisa de triunfo, e também para tomar duplamente evidente a minha inocência.
- Senhores - disse, por fim, quando os policiais já subiam a escada - , é para mim motivo de grande satisfação haver desfeito qualquer suspeita. Desejo a todos os senhores ótima saúde e um pouco mais de cortesia. Diga-se de passagem, senhores, que esta é uma casa muito bem construída... (Quase não sabia o que dizia, em meu insopitável desejo de falar com naturalidade.) Poderia, mesmo, dizer que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes - os senhores já se vão? - , estas paredes são de grande solidez.
Nessa altura, movido por pura e frenética fanfarronada, bati com força, com a bengala que tinha na mão, justamente na parte da parede atrás da qual se achava o corpo da esposa de meu coração.
Que Deus me guarde e livre das garras de Satanás! Mal o eco das batidas mergulhou no silêncio, uma voz me respondeu do fundo da tumba, primeiro com um choro entrecortado e abafado, como os soluços de uma criança; depois, de repente, com um grito prolongado, estridente, contínuo, completamente anormal e inumano. Um uivo, um grito agudo, metade de horror, metade de triunfo, como somente poderia ter surgido do inferno, da garganta dos condenados, em sua agonia, e dos demônios exultantes com a sua condenação.
Quanto aos meus pensamentos, é loucura falar. Sentindo-me desfalecer, cambaleei até à parede oposta. Durante um instante, o grupo de policiais deteve-se na escada, imobilizado pelo terror. Decorrido um momento, doze braços vigorosos atacaram a parede, que caiu por terra. O cadáver, já em adiantado estado de decomposição, e coberto de sangue coagulado, apareceu, ereto, aos olhos dos presentes.
Sobre sua cabeça, com a boca vermelha dilatada e o único olho chamejante, achava-se pousado o animal odioso, cuja astúcia me levou ao assassínio e cuja voz reveladora me entregava ao carrasco.
Eu havia emparedado o monstro dentro da tumba!
Assinar:
Postagens (Atom)